UFS

A UFS FAZ 40 ANOS

Profa. Dra. Terezinha Alves de Oliva

Os primeiros cursos superiores em Sergipe datam de 1948, quando o governador José Rollemberg Leite criou as faculdades de Ciências Econômicas e de Química, porém as iniciativas no sentido de atender às necessidades de formação de sergipanos em nível superior remontam ao ano da proclamação da República, 1889, com a tentativa de fundação de uma Faculdade de Direito. Na segunda década do século XX, a administração estadual procurou instalar, sem sucesso, faculdades de Direito, Farmácia e Odontologia.

As faculdades de Ciências Econômicas e de Química, que realmente se concretizaram, iniciaram as atividades a partir de 1950 e a elas viriam somar-se a Faculdade de Direito em 1951 - que depois passaria à alçada do Governo Federal - e as faculdades de Filosofia e de Serviço Social, iniciativas ligadas à Igreja Católica, a primeira instalada em 1951 e a segunda em 1954. Em 1961 foi criada a Faculdade de Medicina, resultado da união de diferentes forças da sociedade que logo intensificaram o movimento em prol da instalação de uma universidade federal em Sergipe.

Antes de 1950, num Estado pobre, de população predominantemente rural com baixo nível de escolarização, apenas os sergipanos que conseguiam se manter na Bahia, em Pernambuco ou no Rio de Janeiro, tinham o privilégio de se matricular nas faculdades, muitas vezes sem retornarem mais à terra natal. Por isso, a criação das faculdades e a demanda pela universidade, expressavam a luta pelo desenvolvimento de Sergipe, projeto que tomou corpo na década de 1950. Precisando formar quadros para as tarefas do seu desenvolvimento, o Estado de Sergipe sentiu urgentemente a necessidade de uma instituição que congregasse os cursos superiores existentes e buscasse condições para a sua ampliação, empenhando nisso todos os esforços.

Em 28 de fevereiro de 1967, pelo Decreto-Lei n. 269, foi instituída a Fundação Universidade Federal de Sergipe, instalada em 15 de maio de 1968, com a incorporação de 06 Escolas Superiores ou Faculdades que ministravam 10 cursos administrados por 05 Faculdades e 05 Institutos. Criada no contexto do regime militar, a UFS se estruturou de acordo com normas vigentes para o ensino superior e adequou muitas demandas dos seus idealizadores às condições possíveis. Estruturou-se como Fundação, incorporando os bens das seis faculdades que a formaram e ocupou os vários prédios espalhados pela cidade de Aracaju que, doados à Fundação, constituíram o seu patrimônio inicial.

Desde cedo a UFS procurou interpretar as aspirações locais e ao mesmo tempo articular-se em âmbito regional e nacional. Destacaram-se logo as atividades de ensino e extensão, com uma atuação consistente na área cultural, tendo sido criado o Festival de Arte de São Cristóvão, iniciativa fundamental para a identificação entre os sergipanos e a sua novel Universidade.

De estrutura mais simples nos primeiros anos, a UFS passou pela reforma de 1978, quando foram instaladas as Pró-Reitorias, objetivando agilizar os processos administrativos. Extinguiram-se os institutos e faculdades e organizaram-se os quatro centros universitários onde se agruparam os Departamentos e Cursos. Assim surgiram o Centro de Educação e Ciências Humanas, o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, o Centro de Ciências Exatas e Tecnologia e o Centro de Ciências Sociais Aplicadas. A nova estrutura era mais descentralizada, mas a visão da época demandava espaços concentrados, o que levou a UFS à construção do seu campus, inaugurado em 1980, em terras de São Cristóvão.

Se a marca dos primeiros anos foi a preocupação com a organização administrativa e uma consistente atuação cultural, na década de oitenta a pesquisa toma relevância. Em 1983 foi implantada a pós-graduação com o credenciamento dos quatro primeiros Núcleos, denotando as áreas em que mais se desenvolvia a pesquisa na UFS: Estuários e Manguezais; Ciências Fisiológicas; Geografia e Ciências da Educação. Em 1988 foi realizado o primeiro Seminário de Pesquisa, que estabeleceu um balanço das potencialidades dos pesquisadores locais.

Desde meados da década de noventa tem mudado expressivamente a face da Universidade Federal de Sergipe. Com a criação de novos cursos e a ampliação do ensino noturno, iniciou-se a rota que levou ao atual processo de expansão, cujos horizontes estão na inclusão social e na melhoria da qualidade. Substanciais modificações na área da gestão, assim como o aumento do número de cursos de graduação, a reformulação do horário de funcionamento dos cursos para facilitar a vida do estudante que trabalha, o significativo crescimento da oferta de vagas no vestibular e a melhoria e ampliação das áreas construídas, fazem o quadro de uma universidade que se abre cada vez mais para a sociedade, torna-se presente em todo o Estado pela interiorização e difunde o conhecimento produzido através dos instrumentos de comunicação que ela desenvolve, dos seus Museus e das várias práticas de extensão que atingem a comunidade.

Ao lado disso intensificam-se e ampliam-se a pesquisa e a pós-graduação. Desde 2004 a UFS passou de 8 Mestrados e 1 Doutorado para os atuais 22 cursos,distribuídos entre as diversas áreas de conhecimento, sendo 17 Mestrados e 5 Doutorados, reflexo da ampliação e qualificação do seu quadro docente, que tem atualmente 306 doutores e 195 mestres num quadro total de 580 professores.

A diversificação de serviços oferecidos à comunidade pelos seus professores, estudantes e servidores técnico-administrativos e o evidente crescimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão credenciam cada vez mais a Universidade Federal de Sergipe como agência do desenvolvimento para o Estado. Seu Pólo de Novas Tecnologias dá corpo a esse objetivo, assim como a atual dinâmica da interiorização configurada na instalação dos Campus de Itabaiana e Laranjeiras e na expansão da Universidade Aberta em vários municípios sergipanos.

Completando quarenta anos a UFS, que é a maior responsável pela produção científica, pela formação profissional, científica e humanística e por ações de extensão universitária em terras de Sergipe, projeta o seu futuro apostando em ser cada vez mais inclusiva e articulada às demandas que podem construir uma sociedade mais justa, solidária e democrática.

Artigo publicado em maio de 2008 no site da UFS: www.ufs.br